sábado, 24 de julho de 2010

Espelho


E quando me olho no espelho
não vejo nada além de uma menina
- que morre de medo do futuro -
tentando ser mulher...


- K2L
Imagem: Google

segunda-feira, 19 de julho de 2010

.

“Não sei quem sou, que alma tenho. 
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)... 
Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho. 
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. 
Como o panteísta se sente árvore [?] e até a flor,eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.”

- Fernando Pessoa

sábado, 17 de julho de 2010

O barulho do silêncio


“o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu”
Não tenho medo do silêncio. Ele não me incomoda. Muito ao contrario disso, ele me deixa ouvir os sussurros das vozes da minha consciência falando. Sim, vozes. Pra cada atitude que tomo, pra cada palavra que digo, pra cada ação que omito, tudo... pra tudo uma voz diferente. E, é no silencio que consigo ouvir o que elas têm a me dizer.
O silêncio tem voz baixa, suave como a brisa, macia como uma pétala... Para ouvi-lo tenho que me aquietar, me desligar do que acontece a minha volta. É preciso ter calma. O silencio é paciente, não tem pressa, não se desespera e espera a hora certa para nos dizer o que fazer. Calar para ouvi-lo, é inevitável.
“Fuja de você mesmo
Em busca do silêncio
Onde muitos se acham
Onde vários se perdem”
No silencio consigo me encontrar, no silencio consigo me conhecer.


- K2L
Imagem: Google

sábado, 10 de julho de 2010

...

E deixo transparecer todo o medo e insegurança que sinto,
e minhas palavras, desarmadas, ainda assim ferem o intocável.

Tão perto mas tão distante...
assim me faço sem querer.

Depois de palavras ditas como flechas lançadas a sorte,
desejo apenas que a vida siga seu curso natural
como um rio que desagua ao mar.

Não quero deixar morrer o dia que ainda está por vir,
mas não consigo sair da escuridão da caverna.

- K2L