domingo, 22 de agosto de 2010

Parem de falar mal da rotina

Até um tempo atrás, meu discurso sobre minha vida era totalmente contrário ao que tenho hoje em dia.
Mas... descobri que amo minha vidinha medíocre. ^^


"Parem de falar mal da rotina 
parem com essa sina anunciada
de que tudo vai mal porque se repete.
Mentira. Bi-mentira:
não vai mal porque repete.
 
Parece, mas não repete
não pode repetir
É impossível!
 
O ser é outro
o dia é outro
a hora é outra
e ninguém é tão exato.
Nem filme.
Pensando firme
 nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas: 
chuva dia azul crepúsculo primavera lua cheia céu estrelado barulho do mar 
O que que há?
Parem de falar mal da rotina
beijo na boca
mão nos peitinhos
 
água na sede
flor no jardim
colo de mãe
 namoro
vaidades de banho e batom 
vaidades de terno e gravata 
vaidades de jeans e camiseta
pecados paixões punhetas
livros cinemas gavetas
são nossos óbvios de estimação
e ninguém pra eles fala não
 
abraço pau buceta inverno
carinho sal caneta e quero
são nossas repetições sublimes
e não oprime o que é belo
e não oprime o que aquela hora chama de bom
 
na nossa peça
na trama
na nossa ordem dramática
 
nosso tempo então é quando
nossa circunstância é nossa conjugação
Então vamos à lição:
 
gente-sujeito
vida-predicado
eis a minha oração.
 
Subordinadas aditivas ou adversativas 
aproximem-se!
é verão
é tesão!

O enredo
a gente sempre todo dia tece
 
o destino aí acontece:
o bem e o mal
tudo depende de mim
sujeito determinado da oração principal."

- LUCINDA, Elisa.

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